terça-feira, 18 de maio de 2010

Public restroom phobia

porta banheiro rodoviária rita maria Florianópolis cagar fora de casaComo noticiado aqui, na última quarta-feira (12/05), um dia ordinário de trabalho, enclausurado dentro de uma sala climatizada, sentado passivamente durante 8 entediantes horas defronte a um computador, deu lugar a mais uma agradável visita à Ilha da Agonia.

Se bem que minha chegada lá não foi tão agradável, razão pela qual passo a relatá-la:

Eu, enquanto individuo pertencente aos estratos mais baixos da pirâmide social gasparense, não possuo veículo automotor. Logo, dependo da boa vontade alheia e do transporte coletivo.

Naquele dia, mais especificamente, desloquei-me de busão até aquela Ilha que abriga os deuses do judiciário catarinense em toda sua glória. Cheguei lá às 6 horas, meu compromisso era só as 8 horas. Logo, teria que matar um tempo lá na rodoviária mesmo, pois às 6 horas da manhã não há muitos outros lugares para se matar tempo em Fpolis.

Antes de chegar ao ápice de meu relato, esclareço aos meus leitores que não gosto de cagar em banheiros públicos. Quem dirá em banheiros de rodoviária, que inclusive carregam tom pejorativo, eis que o mesmo termo "banheiro de rodoviária" é utilizado para descrever banheiros públicos em péssimo estado de conservação e limpeza.

Então, logo que desembarquei na rodoviária de Fpolis, fui confrontado com meu maior medo, fui acometido de forte vontade de dar uma cagada, sério, devia haver algum fator psicológico atuando no meu subconsciente, pois subitamente meu célebro enviou a seguinte ordem para o meu aparelho digestivo/excretor: "Cagar agora!"

Entrei em pânico, como poderia eu, um rapaz provinciano, vindo do interior, utilizar-me de um banheiro de rodoviária numa das maiores cidades do estado de Santa Catarina? Com certeza deveria ser um lugar desprezível, não queria nem imaginar a cena.

Minha reação inicial foi lutar contra meus instintos mais primitivos: "Calma, garoto, você está no controle. Você é o mestre do seu próprio reto", pensava para comigo. "Tudo vai dar certo, só faltam duas horas para você ter a disposição um banheiro limpo e cheiroso".

Mal havia concluído o pensamento supra mencionado, comecei a sentir fortes convulsões estomacais. Tudo parecia estar perdido, meu estômago ganhou vida própria e se voltou contra mim.

Pesaroso, tentando postergar uma decisão sobre o mal que me acometia, resolvi inspecionar o toilet daquela rodoviária.

O banheiro não era muito grande, e logo que entrei avistei a parede oposta, onde se enfileiravam várias portinhas. O negócio era um caos, portinha após portinha, tudo cagado, pixado, esculhambado. Finalmente, quase no final, achei uma cabine que, aparentemente, reunia as condições mínimas para receber a mim e minhas fezes. Ao menos o último cara tinha dado a descarga.

Não podendo mais me conter, tomei a triste decisão, fechei a portinha. Respirei fundo e segurei o ar, com minhas última forças verifiquei se havia papel higiênico e se a descarga funcionava. Quase não deu tempo de limpar a área em que eu iria me sentar com um pouco de papel, pois assim que acabei de higienizar o negócio, sentei-me violentamente no trono e iniciei os trabalhos. Metaforizando: parecia que haviam quebrado os cadeados de uma prisão que abrigava um sem fim de prisioneiros ávidos por liberdade, parecia que haviam aberto as porteiras que separavam uma enorme manada de búfalos do campo aberto, etc.
porta banheiro rodoviária rita maria Florianópolis quer foder minha vó?
Ironicamente, enquanto o espetáculo da natureza assumia seu curso em minha cavidade retal, divisei na porta os seguintes dizeres: "eu odeio cagar fora de casa nada como a casa da gente pra soltar um barro sossegadamente". Em resignação, tirei uma foto, como vocês mesmos podem ver na primeira imagem que ilustra este relato. Também havia um outro escrito naquela maltratada porta de banheiro de rodoviária que me chamou a atenção, vide imagem ao lado. Perspicazmente, anotei o telefone, para uso em futuras visitas àquela cidade.

Terminei meu negócio, limpei meu castigado traseiro, já meio conformado com aquela situação lamentável. Logo que eu abro a porta, dou de cara com um mendigo do lado de fora ansiosamente esperado pra usar a privada. "Puta-que-o-pariu", pensei para comigo enquanto o mindingo entrava apressado na cabine. Causou-me tristeza a possibilidade de ter sentado minha bunda alva e delicada numa privada utilizada contumazmente pela escoria da sociedade e seus traseiros perebentos

Fui lavar a mão apenas para encontrar outro mendigo tomando um "banho turco" na pia. "Puta-que-o-pariu", pensei mais uma vez.

Sentido-me violado, voltei para a área de espera da rodoviária, sentei-me num banco e, em posição fetal, algumas lágrimas correram dos meus olhos. Daquele dia em diante, nada seria a mesma coisa...

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