sexta-feira, 28 de maio de 2010

Estoicismo

Estoicismo zenonAos poucos vou me acostumando ao marasmo do funcionalismo público na idílica Pequena Isla.

Mesmo após curto período trabalhado lá, posso afirmar que beber café, comentar os gols da rodada e combinar a próxima cachaçada com "a galera" corresponde a 85% das atividades diárias de meus colegas servidores.

E digo isso porque a porcaria da jarra de café fica na sala onde eu trabalho, e como funcionários públicos são obcecados por café (fato que eu já havia verificado quando era um escravo do judiciário catarinense), todos se reúnem lá para se empanturrar do café bancado pelos contribuintes e papear animadamente sobre resultados futebolísticos.

Até por quê, se você é um homem heterossexual em Pequena Isla, a única preocupação que ocupa a sua mente são os resultados de jogos de futebol, enquanto que a única coisa a se esperar do futuro é o próximo churrasco com os amigos. Apesar de quê, neste ponto, não se vê coisa muito diferente em Blumenau/Gaspar.

E eu, que apesar de heterossexual convicto, não entendo porra nenhuma de futebol, sou obrigado a ficar calado, a fim de não ser desmascarado e ver minha sexualidade ser colocada em xeque.

Uma outra coisa que me chamou a atenção, é que todos os homens de lá, apesar de moralistas e puritanos, frequentam assiduamente uma das duas zonas de meretrício da cidade. Nenhum encontro "da galera" estará completo se não terminar na zona. Há, inclusive, um cara que trabalha comigo que é o putanheiro-mor. Metade do pouco tempo que ele fica ali na repartição consiste em esquematizar idas à zona ou arranjar quengas para fazer surubas em motéis. Um verdadeiro atentado aos princípios da fé cristã, a qual não me filio, logo não me importo. Na verdade, secretamente sonho com o dia em que serei convidado para participar de uma suruba com quengas de 10 reais.

Digno de nota é um mudinho, que é peão da prefeitura, exercendo ao longo da semana todo tipo de tarefa penosa e insalubre, mas que toda sexta-feira procura uma das zonas da cidade para, entre as pernas de uma mulher, esquecer-se de que a vida não faz sentido. Só que como o cara nunca tem dinheiro, ele vai fazendo fiado. Dai quando finalmente vem o ordenado do mês, ele vai lá e usa toda a grana pra quitar sua fichinha.

Mas enfim, assim que tiver novos causos para relatar sobre Pequena Isla, o farei. Enquanto isso, vou vivendo minha vida de funcionário público, um café após o outro...

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Power Maxx Vibration

transito em gaspar avenida das comunidadesSegundo consta nas Escrituras Sagradas, Nosso Senhor Jesus Cristo de Nazaré teve que suportar 40 dias e 40 noites no deserto escaldante. E como se o calor abrasivo do "Atacama" já não fosse suficientemente penoso, ele ainda teve que resistir a toda sorte de tentações arquitetadas pelo Coisa-Ruim, como, por exemplo, mulheres seminuas implorando por sexo, cargos comissionados no judiciário catarinense, assinaturas vitalícias da revista Veja, etc.

Surpreendentemente, ele conseguiu não sucumbir aos seus ímpetos mais profundos, passando no teste e sagrando-se o cara mega-fodão-mor, um indivíduo cuja grandiosidade só é sobrepujada pelos membros da magistratura barriga-verde.

No entanto, caso o desafio tivesse sido aguentar o transito gasparense por uma hora sem perder as estribeiras, creio que o nazareno teria ido pro barro, e a história como a conhecemos teria que ser reescrita.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Public restroom phobia

porta banheiro rodoviária rita maria Florianópolis cagar fora de casaComo noticiado aqui, na última quarta-feira (12/05), um dia ordinário de trabalho, enclausurado dentro de uma sala climatizada, sentado passivamente durante 8 entediantes horas defronte a um computador, deu lugar a mais uma agradável visita à Ilha da Agonia.

Se bem que minha chegada lá não foi tão agradável, razão pela qual passo a relatá-la:

Eu, enquanto individuo pertencente aos estratos mais baixos da pirâmide social gasparense, não possuo veículo automotor. Logo, dependo da boa vontade alheia e do transporte coletivo.

Naquele dia, mais especificamente, desloquei-me de busão até aquela Ilha que abriga os deuses do judiciário catarinense em toda sua glória. Cheguei lá às 6 horas, meu compromisso era só as 8 horas. Logo, teria que matar um tempo lá na rodoviária mesmo, pois às 6 horas da manhã não há muitos outros lugares para se matar tempo em Fpolis.

Antes de chegar ao ápice de meu relato, esclareço aos meus leitores que não gosto de cagar em banheiros públicos. Quem dirá em banheiros de rodoviária, que inclusive carregam tom pejorativo, eis que o mesmo termo "banheiro de rodoviária" é utilizado para descrever banheiros públicos em péssimo estado de conservação e limpeza.

Então, logo que desembarquei na rodoviária de Fpolis, fui confrontado com meu maior medo, fui acometido de forte vontade de dar uma cagada, sério, devia haver algum fator psicológico atuando no meu subconsciente, pois subitamente meu célebro enviou a seguinte ordem para o meu aparelho digestivo/excretor: "Cagar agora!"

Entrei em pânico, como poderia eu, um rapaz provinciano, vindo do interior, utilizar-me de um banheiro de rodoviária numa das maiores cidades do estado de Santa Catarina? Com certeza deveria ser um lugar desprezível, não queria nem imaginar a cena.

Minha reação inicial foi lutar contra meus instintos mais primitivos: "Calma, garoto, você está no controle. Você é o mestre do seu próprio reto", pensava para comigo. "Tudo vai dar certo, só faltam duas horas para você ter a disposição um banheiro limpo e cheiroso".

Mal havia concluído o pensamento supra mencionado, comecei a sentir fortes convulsões estomacais. Tudo parecia estar perdido, meu estômago ganhou vida própria e se voltou contra mim.

Pesaroso, tentando postergar uma decisão sobre o mal que me acometia, resolvi inspecionar o toilet daquela rodoviária.

O banheiro não era muito grande, e logo que entrei avistei a parede oposta, onde se enfileiravam várias portinhas. O negócio era um caos, portinha após portinha, tudo cagado, pixado, esculhambado. Finalmente, quase no final, achei uma cabine que, aparentemente, reunia as condições mínimas para receber a mim e minhas fezes. Ao menos o último cara tinha dado a descarga.

Não podendo mais me conter, tomei a triste decisão, fechei a portinha. Respirei fundo e segurei o ar, com minhas última forças verifiquei se havia papel higiênico e se a descarga funcionava. Quase não deu tempo de limpar a área em que eu iria me sentar com um pouco de papel, pois assim que acabei de higienizar o negócio, sentei-me violentamente no trono e iniciei os trabalhos. Metaforizando: parecia que haviam quebrado os cadeados de uma prisão que abrigava um sem fim de prisioneiros ávidos por liberdade, parecia que haviam aberto as porteiras que separavam uma enorme manada de búfalos do campo aberto, etc.
porta banheiro rodoviária rita maria Florianópolis quer foder minha vó?
Ironicamente, enquanto o espetáculo da natureza assumia seu curso em minha cavidade retal, divisei na porta os seguintes dizeres: "eu odeio cagar fora de casa nada como a casa da gente pra soltar um barro sossegadamente". Em resignação, tirei uma foto, como vocês mesmos podem ver na primeira imagem que ilustra este relato. Também havia um outro escrito naquela maltratada porta de banheiro de rodoviária que me chamou a atenção, vide imagem ao lado. Perspicazmente, anotei o telefone, para uso em futuras visitas àquela cidade.

Terminei meu negócio, limpei meu castigado traseiro, já meio conformado com aquela situação lamentável. Logo que eu abro a porta, dou de cara com um mendigo do lado de fora ansiosamente esperado pra usar a privada. "Puta-que-o-pariu", pensei para comigo enquanto o mindingo entrava apressado na cabine. Causou-me tristeza a possibilidade de ter sentado minha bunda alva e delicada numa privada utilizada contumazmente pela escoria da sociedade e seus traseiros perebentos

Fui lavar a mão apenas para encontrar outro mendigo tomando um "banho turco" na pia. "Puta-que-o-pariu", pensei mais uma vez.

Sentido-me violado, voltei para a área de espera da rodoviária, sentei-me num banco e, em posição fetal, algumas lágrimas correram dos meus olhos. Daquele dia em diante, nada seria a mesma coisa...

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Homem de Ferro III: O Casamento

Nesse final de semana, fui assistir ao filme Homem de Ferro 2 no cinema do Shopping Neutrouxas.

O filme é bacana, mas não é tão bom quanto o primeiro. É que no primeiro filme a trama era mais concisa, mais objetiva, o filme realmente girava em torno daquele que responde pela alcunha de Homem de Ferro. No segundo filme, em compensação, você quase que se perde entre tantas subtramas românticas e dramas da vida cotidiana.

Ao que parece, a vontade cega de repetir o sucesso do primeiro filme sobrepujou o qualquer possibilidade de se fazer uma continuação igualmente maneira; a fome por lucro fácil engoliu o bom senso.

Aproveito o ensejo para indagar algo: Há não muito tempo atrás, Robert Downey Jr, o cara que interpreta o homem de ferro, mesmo já tendo estrelado uma centena de filmes, não era objeto da lascívia de nenhuma mulher. Muito pelo contrário, contumazmente era motivo de chacotas por ser um drogadito e putanheiro. Mas é só o cara estrelar uma superprodução e aparecer na capa de todas as revistas, que subitamente tudo são águas passadas e agora ele é o homem mais belo e desejado de todos os tempos da última semana?

É impressionante o poder que a mídia exerce sobre o "célebro da mente humana".

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Porque tão longe ir pôr o que está perto

Já faz alguns dias que venho laborando no pequenino município catarinense de Pequena Isla, onde fui lotado em um cargo junto ao Poder Moderador daquela cidade.

Eu que sempre sou ignorado por todos em Gaspar e Blumenau, sou visto com grande curiosidade pelos habitantes de Pequena Isla, num misto de medo e fascino. As nativas, atraídas pela aura mística que me cerca, contumazmente se oferecem para satisfazer minha lascívia, acreditando que assim garantirão uma colheita prospera no ano seguinte.

No mais, nada de muito empolgante lá, pois se tu achas que Gaspar é o cu do mundo, pense novamente; naquela cidade, em resposta à pergunta "que tu fez esse final de semana?", nego costuma responder "fui dar um volta em Gaspar". Sem brincadeira.

cruzeiro gay cruiseRessalto que referido cargo público não me fará desistir da minha atual empreitada, qual seja, trabalhar em um navio que ficara durante 6 meses em alto mar, única oportunidade que terei para realizar um velho sonho: dar uma cagada em cada um dos sete mares.

Inclusive, tendo sido aprovado na entrevista preliminar, no próximo dia 12 de maio regressarei a Nossa Senhora do Desterro, vulgo Ilha da Magia, para a segunda etapa do processo de recrutamento: um curso de dois dias no Bokarras Convention & Visitors Bureau que será ministrado por diversas "profissionais" do ramo.

Maiores detalhes en preve.