sábado, 28 de agosto de 2010

O homem fiel e outros contos

Dia desses, lá estava eu proseando com Putanheiro-Mor na sede do Poder Executivo de Isla Pequeña. Na verdade, não era bem uma conversa, mas sim um monólogo iniciado unilateralmente pelo libidinoso personagem retromencionado. É que não havia mais ninguém ali com quem ele pudesse compartilhar suas últimas proezas de cunho erótico-sodomita, então eu acabei sendo escolhido como vítima, o passivo interlocutor.

O relato tinha como pano de fundo um quarto de motel, cujo banheiro possuía duas hidromassagens, e como protagonistas, Putanheiro-Mor e uma moça "de família".

A riqueza de detalhes era tamanha que, enquanto Putanheiro contava entusiasmadamente sua estória - gesticulando, fazendo movimentos com a pélvis, franzindo o cenho e colocando a língua para fora - era como se eu estivesse naquele mesmo quarto de motel, tomando parte na ação. Agora, eu até sei que a moça possui uma marca de nascença na batata da perna esquerda, cujo formato muito se assemelha aos contornos geográficos de Nova Gales do Sul, e que seu ovário esquerdo possui pequenas calosidades que só podem ser percebidas com o tato.

- Tá, mas essa guria é aqui da cidade? - perguntei inocentemente.
- Sim, é a Guria-X* - respondeu, feliz por ter despertado minha atenção
- O quê? Mas ela não é crente? - tornei a perguntar, pois a suposta vítima é uma pela-saco daquelas que andam com uma bíblia embaixo do sovaco e demonizam qualquer um que se sente à mesa de Jezabel
- Sim - ele respondeu, e aqui eu faço uma pausa para ressaltar que usarei as mesmíssimas palavras de Putanheiro-Mor, ipsis litteris -, é uma crente do cu quente...

Findo o relato, Putanheiro-Mor abriu o odioso Internet Explorer em seu microcomputador e, impassível a minha presença, passou a acessar sites de caráter sexual-onanístico em pleno expediente de trabalho.

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