sexta-feira, 20 de agosto de 2010

rule of law, not of men

No Brasil, depender da benevolência do Poder Público é um calvário.

Quando jovem, meu único sonho era firmar um contrato vitalício com a produtora de filmes onanísticos intitulada Brasilerinhas, e, quem sabe, um dia atuar lado a lado com os grandes mestres Kid Bengala e Carlos Bazuka. No entanto, para minha infelicidade, uma medição realizada pelo meu urologista jogou uma pá de cal nesse intento.

Entristecido e frustrado, como todo funcionário público, resolvi ingressar no funcionalismo público. Estabeleci como nova e única meta na minha miserável vida ser investido no cargo de Desembargador e/ou Ministro do STF. De posse de parcela do Poder Estatal, eu poderia me vingar de todos aqueles que, com os dedos indicadores em riste, já caçoaram das diminutas proporções do meu músculo cavernoso.

Já de início, fui empossado no glorioso cargo de Ouvidor-mor da Capitânia Hereditária conhecida como Isla Pequeña, mas não, isso ainda não era o bastante; nada além de uma tetinha junto ao Pretório Excelso e/ou Olimpo Barriga-Verde me traria contentamento.

Dediquei-me ainda mais aos estudos - enquanto os rapazotes jovens, magros, caucasianos e de olhos verdes, como eu, se entretiam em toda sorte de atos de sodomia e libertinagem, eu tentava, em vão, decorar os Princípios Fundamentais que regem a República Federativa do Brasil.

Pois bem, recentemente obtive razoável colocação num concurso do Tribunal de Justiça, lar dos deuses, e a fim de conseguir mais uns pontinhos na minha nota, eu só precisava duma porcaria de certidão da Prefeitura de Blumenau, na qual se atestasse que eu já fui aprovado num concurso daquela municipalidade.

E é aí que eu retorno a premissa inicial deste relato: No Brasil, depender da benevolência do Poder Público é um calvário.

Liguei lá no Departamento de Recursos Humanos da prefeitura mencionada:

- Eu precisava duma certidão dizendo que eu fui aprovado naquele concurso que vocês fizeram no início do ano.

- Ai, moço, a gente não fornece essa certidão - a mocinha respondeu em tom choroso, como se eu tivesse ligado bem na hora em que ela pretendia iniciar a deglutição de um pão de queijo ou qualquer coisa do tipo.

[Advogado escroque mode ON]

- Minha senhora, tu já ouviu falar dum "negócio" chamado Constituição Federal, mais especificamente em seu art. 5º, inciso xis-xis-xis-pauzinho-vê (XXXIV), alínea "b", que elenca o direito a obtenção de certidões junto aos órgãos públicos como garantia fundamental da pessoa-humana?!

- Ai, moço, essa não foi aquela "lei" que não pegou? - a mocinha perguntou em tom debochado, olhando avidamente para o pão de queijo colocado sobre a mesa.

[Advogado escroque mode OFF]

- Ah, é verdade... Desculpa... Tchau...

A mocinha, então, desligou o telefone, e, com uma única bocada, deglutiu o pão de queijo. Ato contínuo, passou o resto do dia papeando ruidosamente com seus colegas de trabalho sobre os planos para o final de semana.

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