sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Servico de Seguranca em Gaspar

Pois eh, ja faz um mes que estou de volta a ensolarada Florida. Deixe-me, entao, contar um pouco sobre essa nova saga e a quantas anda minha vidinha por aqui.

Entao, tu ta ligado que eu ja tinha vindo pra essa merda de estado no ano passado, neh? Em verdade, em verdade, dessa vez era pra mim ter ido pra Ohio, no coracao da "america". Todavia, para minha infelicidade, em razao da maior crise desde o nascimento de Jesus Cristo, poucos dias antes do meu embarque, meu trampo num hotel em Ohio foi cancelado.

Em razao disso, fui confrontado com uma triste decisao: ou desistia do sonho americano e arcava com milhares de dolares em prejuizo ou ia trabalhar como seguranca em Miami. Seguranca em Miami?! A principio exitei, mas nao tinha outra opcao, alem do que eu ja havia gasto todas as minhas economias com essa bosta de intercambio e ate havia pedido demissao do meu empreguinho no Brasil.

Entristecido, acabei topando. Vim sozinho de Navegantes a Miami. Apos dezenas de horas de viagem, aqui cheguei na terra da liberdade. Liberdade para consumir de forma desenfreada.

A parada ja comecou bem, quando, ao desembarcar em Miami, fui informado que haviam extraviado minha mala. "Meu amigo, tu sabe com quem tu ta falando?", perguntei em ingles. "Nao, senior", respondeu o funcionario da cia. aerea. "Meu amigo, eu sou um devogado e vo mete geral no pau se a porra da minha mala nao aparecer em dez segundos", vociferei e comecei a contar. Antes da contagem chegar ao 2, la vinha o pobre latino correndo esbaforido com minha pequenina mala na mao. "Aqui esta sua mala, senior", ele disse com um sorriso no rosto. "Acho bom mesmo, rapaz. Voce acabou de me salvar do esforco de mover uma acao milionaria e mirabolante contra sua empregadora e o governo dos estados unidos da america!", falei. "Muchas gracias, senior", o pobre diabo respondeu.

Rispidamente peguei minha mala, passei pela imigracao e embarquei num taxi rumo a acomodacao arranjada pela minha agencia de viagens no Brasil.

Mais uma vez, para o meu desconsolo, haviam me jogado no pior buraco de Miami. Era um desses moteis de beira de estrada que se ve nos filmes, localizado em um dos bairros mais perigosos da cidade. Ate ai, nada que um .38 na cintura nao resolvesse. O grande problema foi o fato de terem me botado para dividir o quarto com um escroque do Rio de Janeiro. O muleque tem 18 anos, mora na Barra da Tijuca, tem 3 empregadas e 1 motorista em casa. Nunca trabalhou na vida e so concluiu o ensino medio por intermedio de um supletivo. Lixo total, mas isso eh assunto prum topico especifico.

Dai ta, apos pagar $60,00 e fazer um curso de uma semana, acabei por receber um certificado de conclusao de "curso de oficial de seguranca". Foi o curso mais esculhambado que eu ja fiz na vida. O "professor" so botava uns videos explicativos produzidos na primeira metade do seculo X e saia da sala pra ficar fumando. Nas poucas vezes que ficou na sala, o cara so ficava tarando as brasileiras.

De posse do certificado mencionado, paguei $ 87,00 ao Estado da Florida para obter uma licenca de seguranca. So nos estados unidos eh que se precisa de uma licenca para ser porteiro. Em seguida, fiz uma entrevista em uma empresa chamada Kent Security Services, empresa para a qual eu trabalho aqui. Finda a entrevista, botaram-me para trabalhar em um condominio denominado The Imperial na Brickell Avenue, segunda maior aglomeracao de instituicoes financeiras dos Eua, so perdendo para Wall Street, em NYC.

Todavia, o predio em que eu trabalho eh um condominio residencial, com 131 apartamentos. Sim, eu, que sequer sou capaz de cuidar da minha propria seguranca, sou responsavel pela seguranca de 131 apartamentos residenciais, abarrotados com representantes da mais alta burguesia local. Nao tenha duvida que o dia em que chegar um cara armado aqui, ele nao encontrara obstaculos por minha parte, muito pelo contrario. "Entra que a casa eh tua, velho. E aproveita que o cara do 2001 ta viajando", eh o que eu diria para ele. Jura que eu vou arriscar meu coro por um bando de burgueses filhos-da-puta. Burgueses filhos-da-puta e "americanos", diga-se de passagem. Fora que eu recebo 1 dolar a menos que os nativos, que exercem a mesma funcao. Quero mais eh que nego entre aqui e mate geral mesmo. :)

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