quarta-feira, 8 de abril de 2009

O Caso de Urso e Sua Máquina Verde Sem Fio


Reza a lenda que, há muito tempo atrás, em determinado estabelecimento prisional da Santa & Bela, um rapazinho foi garfado pelos "homi da lei". Era um daqueles rapazes caucasianos, magros e felizes que só se vêem em propagandas de pasta de dente. Ele fora criado no seio da burguesia blumenauense. Sua cabeça era adornada por uma linda, longa e sedosa cabeleira loira estilo surfista, surfista daqueles que nunca pegaram uma onda na vida.

Sob a égide da antiga lei "das droga" (6.368/76), nosso jovem burgues de cabeleira loira foi pego traficando cigarrinhos do capeta para outros burguesinhos. Preso em flagrante delito, nosso rapazote foi encaminhando para o ergástulo competente. Lá, foi levado até o chefe de segurança do presídio. O objetivo era preencher a ficha do moleque.

- "Qual o teu nome?", o agente penitenciário perguntou.
- "Não te interessa!", respondeu o burguesinho.
- "Fostes preso pela prática de qual crime?", continuou o agente.
- "Vai perguntar pro meu advogado!", respondeu insolentemente o rapaz.
- "Urso, vem aqui agora!", berrou o agente puto-da-cara.

Tamanho era o porte físico de Urso, que ele se assemelhava a um urso da montanha propriamente dito. Ele era um preso regalia responsável pelo corte de cabelo dos detentos. Sua ferramenta de trabalho era uma máquina de cortar cabelo preta, novinha, recém comprada para substituir uma antiga maquina verde, que perderá o "fio" de tal forma, que já não tinha mais como ser amolada e havia sido esquecida em um armário da sala do chefe de segurança.

- "Que foi, seu Jaime?", perguntou Urso afoito.
- "Ele judiou de mim", respondeu o agente apontando pro burguesinho.
- "Cadê a máquina verde, seu Jaime?!", perguntou Urso com ódio nos olhos.

O agente aponta para um armário lá no fundo de sua sala como resposta. Urso vai até o armário e saca a temida máquina verde aposentada pela falta de corte.

- "O senhor dá uma licencinha pra mim", pediu Urso com a máquina em riste.

Seu Jaime assenti com a cabeça, se levanta da cadeira e sai fechando a porta, deixando Urso a sós com sua vítima.

O que se assucedeu lá dentro ninguém sabe. O que se diz, é que algumas semanas depois o garoto foi solto e nunca mais foi importunado pelas "otoridades". Mas dizem também, que depois de enfrentar a fúria de Urso e sua máquina verde sem fio, o couro cabeludo do rapaz nunca mais foi o mesmo.

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