Após alguns meses de desemprego involuntário, catando alumínio e papelão, procurando comida nas lata de lixo, dormindo nas calçadas de Gaspar. Como é que é? Atá, eu sei que não há calçadas em Gaspar. Eu só tava tentando dar mais ênfase ao fato de que, aparentemente, meus dias de miséria "se acabaram-se".
Finalmente comecei a exercer a mais inglória das profissões, a "adevocacia". Há alguns dias venho trabalhando num escritório lá em Blumenau.
Estou muito satisfeito; hoje mesmo, arruinei a vida de três pessoas! É a média que tento manter, pois se eu arruinar menos de duas vidas por dia, ganho uma advertência do meu chefe.
É o que eu sempre sonhei sabe, ganhar a vida fudendo a dos outros. Faz até eu me sentir um pouco como o mestre Kid Bengala, pois ele também ganha a vida fudendo os outros.
Fora isso, meus dias tem sido todos iguais: Acordo na mesma hora, pego o ônibus na mesma hora, chego pra trabalhar na mesma hora, almoço solitariamente na mesma hora, e assim em diante, dia após dia. Rotina que deve se repetir pelos próximos 40 anos, quando poderei me aposentar por tempo de contribuição. É a segurança que me faltava, a segurança de uma vida inócua, apenas como mais uma pecinha da Grande Engrenagem.
Não que isso seja um problema; o importante é ter dinheiro pra encher o tanque do carro, tomar uma gelada "com a galera" e assistir a um jogo do mengão.
Só assim, perpetuamente anestesiado, pra esquecer que um dia eu já tive sonhos.
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
Pegar Ou Largar
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