quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Snowblind

Após uma vida inteira à margem da sociedade gasparense, uma vida inteira de melancolia e prostração, eu realmente achei que meus dias de "adevogado" trariam algum alento.

Achei que finalmente iria adquirir um veículo automotor, que não seria mais invisível, que as mulheres sucumbiriam com um mero olhar, achei tantas coisas... mas não, as promessas de grandeza revelaram-se falsas, falsas como as tetas das mulheres pasteurizadas que vemos na Teletela. A única diferença é que agora ando de ônibus trajando terno e gravata. O que é uma merda, diga-se de passagem, ainda mais com o calor infernal que anda fazendo.

E por falar em andar de ônibus, velho, que martírio é fazê-lo durante a hora do rush. Sério, se Blumenau não implementar logo algum tipo de faixa exclusiva para ônibus da Rua 7 de Setembro, muito em breve será mais rápido e cômodo fazer o trajeto Blumenau-Gaspar a pé. Sem exagero, quando sou liberto da bola de ferro às 18 e me dirijo até o ponto de ônibus na frente do Shopping Neutrouxas, primeiro, tenho que esperar algum tempo até que venha um ônibus que não esteja socado até a baga, onde seja possível se acomodar com o mínimo de dignidade. Em seguida, quando finalmente vem um ônibus em condições, tamanho é o caos na Rua 7, que eu demoro, sem brincadeira, 25 minutos pra chegar no Terminal da Fonte. Sério, 25 minutos pra andar 5 km.

Não bastasse isso, quando chove, tamanho é o amadorismo da intrépida trupe que "administra" o Consórcio não me Siga, que há mais água caindo dentro do ônibus do que na rua. Sério. É tanta água que verte do teto e das janelas fechadas (note que, mesmo fechadas, ainda entra água pelas janelas) que, caso fosse possível, eu abriria meu singelo guarda-chuvinha preto de cabo prateado.

Fora isso, a passagem deve aumentar mês que vem em porcentagem muito superior às medias da inflação, como de costume, sem que nenhuma melhoria significativa seja feita ao malfadado transporte coletivo, se é que assim pode ser chamado, blumenauense.

Resumindo, contínuo mergulhado até o queixo em minha própria miséria, sendo encoxado por algum parente consanguíneo do Mestre Kid Bengala, enquanto os bem nascidos estão bem acomodados em suas caminhonetes climinatizadas, ouvindo os hits da moda.

Mas enfim, como diria o romancista e filosofo alemão "popularmente" conhecido como Jean Paul, "A maior prova de real grandeza encontra-se na percepção de sua própria pequenez."

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