Use your mentality, wake up to reality

Não sei por quê, mas nunca me esqueço da primeira petição de progressão de regime que fiz enquanto estagiário voluntário no PRB. Lembro-me como se fosse ontem, M. J. A. era o nome do agraciado. Graças aos meus esforços, conseguimos uma progressão do regime fechado para o semiaberto, progressão que o jovem detento já fazia jus a muito tempo.

O rapaz era a materialização da teoria da Seletividade do Sistema Penal, preto, pobre e jovem; vindo há pouco do interior do Paraná, o garoto logo fora preso pela prática de crime praticado contra o patrimônio alheio.

Pobre diabo, condenado a 5 anos de cana, em regime inicialmente fechado, por furtar alguns vinténs, enquanto tantos outros, mais brancos e mais obesos, quedam-se incólumes após anos surrupiando os cofres públicos e o bolso do povo.

Pois bem, um dia desses estava assistindo a um dos jornais locais na Teletela, quando veio a notícia: Jovem é morto com facada no Distrito do Garcia em Blumenau, segundo a apresentadora do jornal, dona de uma fala rápida e rosto contraído em consternação, como se querendo conciliar seus jeitos aos fatos que noticiava, o rapaz teria sido esfaqueado na frente da própria casa. Posteriormente, fiquei sabendo que fazia menos de dez dias que ele havia obtido a sonhada progressão para o regime aberto. Após reportar maiores detalhes sobre o caso, subitamente o rosto da moça transformou-se em um belo sorriso ao chamar uma matéria sobre quem havia ganho a prova do lider no Big Bosta Brasil da noite anterior.

Riscou-se mais um nome da lista, e o mundo continuou...